BUSCANDO O SIGNIFICADO DAS ESCRITURAS

 

Natanael Diogo Santos[1]

 

A forma descompromissada de como muitos pregadores pós-modernos interpretam a Palavra leva o cristão a entendê-la de forma errada. E, um dos fatores que causa o tamanho descompromisso é a falta de disposição de examiná-la como convém, e até mesmo também por alguns não terem o compromisso com a veracidade dos textos.

Passar por um texto fingindo que não precisa ser feita uma análise pela hermenêutica, não tem como interpretá-lo de maneira certa. Se o pregador, professor e o pastor não se preocupar em examinar de maneira minuciosa uma equivalente passagem bíblica consequentemente, estes erros refletirão nos púlpitos e uma falsa doutrina mais tarde se difundirá.

  Por esse motivo escolheu – se a teoria da hermenêutica que é a ciência que se preocupa em examinar de maneira paulatina com seus métodos e regras para chegar à consumação do significado de um determinado texto deixado pelo seu autor.  Ela se encarrega de desvendar a mensagem para os dias atuais, mas antes disso a hermenêutica faz o leitor entender o significado de épocas distantes para que venha pô-lo em prática para seus dias.

 A origem do nome dessa ciência deriva-se do verbo herrmenuõ e do substantivo hermeneia que logicamente estes termos se difundiram de um deus da mitologia grega, Hermes, visto como padroeiro dos interpretes.  Ao ler as Escrituras é possível constatar este nome no instante em que Paulo e Barnabé após realizar um milagre em um paralítico os moradores daquele lugar passaram a chamar Barnabé de Zeus e Paulo de Hermes já que este trazia a palavra (At 14.12).

Segundo a mitologia, Hermes tinha a capacidade de fazer o incompreendido a ser compreendido da maneira mais inteligente possível. Ele também era visto como o descobridor da linguagem verbal e da escrita e de certo modo foi considerado o deus da literatura e da oratória. Conta-se que Hermes era também visto como o Kikointerprete dos deuses, e em especial de Zeus, visto que esta tradição era confirmada na Bíblia (At 14.12).

 Conforme esse relato mitológico, em relação Hermes ser o interprete, o verbo hermeneuõ, passou a representar a palavra explicar que leva a entender algo no idioma nativo; da seguinte forma, tem a função também de levar o significado de uma palavra para outra língua onde o atual sentido para o vocábulo é traduzir.  A expressão verbal, interpretar, na língua nacional ora traz o significado de explicação, ora de tradução.  Logo, cujas palavras, hermenia e hermeneuõ, das vezes que são encontradas no texto neotestamentário traz o significado que envolve na maioria dos casos a palavra tradução.

  Na versão Almeida Revista e Atualizada o verbo diermeneuo   traz expua-lhes, na tradução Nova Linguagem de Hoje se encontra explicar; na Almeida Revista e Corrigida se acha explicava-lhes. Portanto, hermenêutica tem a função de explicar de uma maneira inteligente um texto que em instante se encontra de forma obstruída para o entendimento do leitor.

Outro fator relevante é quando a passagem de João 1. 42 traz a expressão hermeneueta que significa “quer dizer” ou “que é interpretado” onde deve ser visto no sentido de tradução.

Quando Jesus falou com Simão, disse “[…] tu serás chamado de Cefas (que quer dizer Pedro) ” (Jo.1.42). A locução verbal “quer dizer” é tradução do grego hermeneuõ. Em certo sentido, uma tradução é uma explicação; é explicar numa língua o que foi expresso em outra. (ZUCK, 1994, p. 21).

A função da hermenêutica não é apenas explicar algo para alguém no seu próprio idioma, mas ela se torna útil também para explicar para outro idioma, onde foi o caso de Jesus usar a expressão verbal hermeneuetai (quer dizer) como sentido de traduzir o termo Cefas, que é um nome semítico para o nome grego, Pedro.

A hermenêutica não é apenas usada secularmente, mas é a ciência, a arte e a disciplina de interpretação. Onde também se preocupa em estudar os textos da Bíblia Sagrada. Hermenêutica como ciência mostra – se com regras e princípios, examina as leis do pensamento e da linguagem fazendo os resultados desejados. Como arte é mais levada para o modo exegético onde se lida mais com a verificação de uma passagem usando estas regras e princípios de uma maneira mais prática para o entendimento de um assunto mais complexo.

“Considera-se a hermenêutica como ciência porque ela tem normas, ou regras, e essas podem ser classificadas num sistema ordenado. É considerada como arte porque a comunicação é flexível, e, portanto, uma aplicação mecânica e rígida das regras às vezes distorcerá o verdadeiro sentido de uma comunicação. Exige-se do bom interprete que ele aprenda as regras da hermenêutica bem como a arte de aplica-las” (VIRKLER, 2007, p. 9).

As suas regras e métodos quando exigidas para a compreensão dos textos é feita de maneira crítica e sistemática. Essa forma mais racional, sistemática, metódica e crítica para se chegar ao sentido real do texto deixado pelo seu autor. Definem-se de Histórico – Gramatical.   A palavra crítica traz a ideia de justificação de opiniões, pois, essa forma mais certa de aplicar a esta palavra, porquanto, esta justificação vem acompanhada por um conjunto de regras que determinará a compreensão dos textos sagrados. E, as partes que formam este conjunto são as formas lexicografia (são as palavras que tem o significado no referente contexto), gramatical (são as palavras se relacionam uma com as outras em meio a um texto), histórica (são referências históricas que se tornam indiretas em meio às palavras do texto), geográfica (o lugar e a situação do ambiente onde o autor se encontrava quando escreveu o texto especifico), teológica (é a função que definirá a extensão da doutrina das palavras que compõem um determinado texto).

Alguns cristãos se gabam por dizer que tem o Espirito Santo para orientá-los na interpretação bíblica por meio da oração, mas ao mesmo tempo se esquecem de algo, “Ele não ajuda indolente”, ou seja, o Espírito Santo não ajuda aqueles que não buscam em exames profundos na sua Palavra.  Porque se o leitor buscar, se esmerilar e enxergar os textos de forma sistemática para ter uma correta interpretação, sem nem uma sombra de dúvida ele terá o Espírito para ajudá-lo.

Se até mesmo um descrente da Palavra fazer o mesmo esforço em seguir o Histórico-Gramatical ele terá a capacidade de interpretar os textos sagrados de forma correta. O problema será a dificuldade que ele terá para aceitar e seguir os princípios da Palavra de Deus.

“Daí que os incrédulos não conhecem o significado pleno do ensino bíblico, não porque esse significado não esteja a eles disponível nas palavras do texto, mas porque se recusam a atuar de acordo e de modo apropriado com as verdades espirituais para suas próprias vidas” ( STEIN, 2007, 21).

É bem verdade que Paulo frisou que “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe é loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (ICo 1.14). Dá, porém, o parecer que o homem descrente da inspiração da Palavra nunca conseguirá discernir o verdadeiro significado dos textos sagrados. Da mesma maneira que Paulo havia confirmado que as coisas espirituais são “loucura” para o homem natural, por outro lado, da mesma forma e não diferente também ele havia dito que a sabedoria deste mundo é loucura para Deus (ICo 3.19).  Que de certo modo Ele a compreende e\ou a entende o seu significado. O que realmente Deus não faz é aceitar aquilo que mundo chama de sabedoria isso porque a tem como loucura.

Não sendo diferente o homem natural com os princípios e regras da hermenêutica conseguirá entender a Palavra de Deus, o que realmente ele não faz é aceitá-la, isso porque também a tem como loucura. Contudo, o que levará o incrédulo a crer na inspiração da equivalente Palavra é a pessoa do Espírito Santo de Deus.

  1. Modos para a interpretação

A interpretação literal é deferente do sentido de interpretação alegórica ou espiritualizado.  O leitor tem o objetivo buscar o verdadeiro sentido deixado pelo o autor. Para chegar a este ponto antes ele deve seguir estes princípios: estudar de forma sistemático e metódico a um texto, valendo – se assim de modos hermenêuticos de como fazer uso da gramática, léxicos, da geografia, da história, do contexto, da normalidade das palavras, da autoria, da exegese, da objetividade do texto e tudo isso deve ser envolvido pela oração (At 6. 4). Estes princípios seriam o meio para alcançar o verdadeiro sentido de uma passagem bíblica.

Para analisar corretamente a intenção do autor, antes é possível examinar as suas palavras de forma normal, ou seja, o leitor vai passar a ver as tais de maneira comum, isso porque não lhe tem nada de estranho. Elas não devem ser vistas de forma espiritual (alegórica) senão assim estará tratando cada palavra e letras que constitui um texto que tem em si o sentido normal isso dentro do seu mundo histórico, como alegorias. Porque se continuar com o tal procedimento estar – se – á cometendo os mesmos erros de Agostinho e Orígenes. Apesar de Agostinho (354-430) frisar a importância da interpretação literal e sua fundamentação para concluir o real significado de um texto bíblico, ele mais tarde preferiu adotar a interpretação alegórica. Uma interpretação que revela totalmente o significado fora do padrão interessado pelo autor.   Gênesis 1.3, versículo que fala da separação entre as trevas e a luz é um modelo de interpretação feita por ele, veja: “de nossa parte nós entendemos são duas sociedades de anjos – uma que desfruta de Deus, outra que se incha de orgulho” (GEILSER, 2010, p. 832). Pois, estes tinham por trás de cada palavra da Bíblia um espirito de significado especial para o leitor.

O modo exegético é obrigatório para todo aquele que deseja conhecer o sentido do texto na sua forma real. A exegese sendo outro princípio da hermenêutica terá o cuidado de examinar o texto das Escrituras de forma crítica para definir uma interpretação que cabe naquilo que o autor quis transmitir.

A palavra composta, exegese, se define com os seguintes caracteres grego exegeomai onde esse termo é encontrado em algumas passagens da Bíblia como: Lc 24.34; At 10.8; 15.12,14; 21.19; Jo 1.18.

 Esse termo composto até então se ver na sua formação como prefixo a preposição ex que significa (dentro de). Entretanto, não se estuda o texto exegeticamente para dentro, ou seja, não pode compreendê-lo ou interpretá-lo da forma que o estudante quer que ele signifique.

  Gramaticalmente a preposição ex está emprestando o seu significado ao verbo egeomai. Verbo este que significa conduzir. Assim que a preposição ex emprestar o seu significado ao verbo ela terá o seguinte significado: fora de; para fora de. Por conseguinte, esta palavra composta (egeomai) literalmente significa conduzir para fora.

 Portanto, o decodificador, que é o mesmo interprete ou leitor, ao examinar o texto não colocará o seu entendimento ou opinião dentro dele, pelo contrário o ledor conduzirá para fora o real sentido do texto para sua compreensão ou entendimento. Visto que, o texto é o que expressa à consciência do autor. Contanto, é o que determinará o significado ao leitor.     Em síntese, exegese significa narrar o texto na sua forma original.

Visto que, o contexto histórico é outra parte que deve ser usado para interpretar o texto no seu espaço literal. Sem demora, o mundo da época em que o autor pertencia terá que ser examinado, que consequentemente se saberá por que o autor se expressou de uma determinada forma, ou por que escreveu certa palavra e que sentido com qual queria dizer com aquele termo. Depois disto o interprete poderá fazer uma aplicação no seu presente tempo.

 Com que fará também o texto ser interpretado na sua forma real e \ ou literal é a forma gramatical, à proporção que esse princípio da hermenêutica for usado, chegar-se-á a verdadeira interpretação de um determinado texto, isso porque, as classes de palavras e sintaxe abrange todo o conteúdo de um texto.

  1. Literal e alegórico

 

     A Bíblia para os cristãos é considerada um Livro Sagrado, livro este, que a teologia o define como uma revelação especial de Deus para o seu povo em relação ao cumprimento do seu plano. A Bíblia não contém apenas profecias cumpridas, visto que ainda há profecias que são sombras, mas em um curto espaço de tempo se tornarão realidades. Depois que estas profecias se concretizarem todo o projeto de Deus preparado desde a fundação do mundo terá chegado ao fim.

 Cristo veio a terra para cumprir as Antigas Escrituras, isto é fato. Ele sempre lembrou aos seus séquitos a este respeito (Jo 5.39). Quando o Mestre cumpriu o que os antigos profetas vaticinaram, que foi morrer e ressuscitar segundo as Escrituras (ICo 15.1-4), seus discípulos continuaram com o mesmo ensinamento, que Cristo realmente era o cumprimento das tais.

Com a continuidade da disseminação dos ensinos de Cristo por meio dos discípulos, a comunidade cristã foi formada, com isso não demorou muito para os judeus praticantes do judaísmo perseguirem os cristãos com perguntas capciosas como esta: se os cristãos não praticavam a Lei, então por que ao mesmo tempo usavam as Antigas Escrituras como regra de fé? Os cristãos em defesa da fé apresentavam as promessas feitas no Antigo Testamento referentes ao Cristo. O que estava também no mesmo curso pressionando o cristianismo era o gnosticismo, uma seita perigosa, conforme dizia que o Deus da Antiga Aliança não era o mesmo da Nova.  Ela interrogava: por que razão à comunidade cristã continuava com as Antigas Escrituras se esse Deus não tinha nada a haver com o Cristo? Em resposta os cristãos lhes falavam que o Antigo e o Novo Testamento eram uni e harmônico.

Enquanto, os ataques externos diziam que o Antigo e Novo Testamento tinham seus próprios mundos históricos, os cristãos em defesa os harmonizavam. Devido a isso surgiram duas escolas: uma interpretava a Bíblia de forma literal e a outra de maneira alegórica ou espiritual.

A escola Alexandrina adotou a técnica de interpretar a Palavra de forma alegórica.

Orígenes, embora fosse posteriormente condenado com um herege estabeleceu os alicerces da interpretação alegórica, que passaria a dominar a igreja ocidental durante muitos séculos. Tanto a alegoria quanto a sua “prima” tipologia, admitia que o escritor do Antigo Testamento não tivesse consciência daquilo que escrevia, e que o texto continuava sendo um mistério que não poderia ser compreendido até que Jesus e os escritores do Novo Testamento aparecessem em cena […]” (FEE; PACKER  et al.  2012, p.44).

O Pai de Orígenes, Leônidas, foi professor em Alexandria, possivelmente ensinou o seu filho como interpretar as Escrituras; Orígenes se equivocou ao dizer que os antigos escritores não tinham a consciência do que escreviam para seu público. Contudo, não se deve concordar com essa interpretação não literal, porque literalmente falando os escritores sempre escreviam para o contexto da sua época, logo, sim eles tinham a consciência do que escreviam. Todavia, isso não significa também que no Antigo Testamento não tenha profecias referentes à Cristo, muito pelo contrário, as três divisões da Bíblia Hebraica, Torá, Navyim e Ketuvyim dão referência a respeito da vinda do Filho de Deus (Lc 24.44).

 O que é preciso nessa perspectiva é ser um pouco mais crítico em relação à interpretação das profecias em especial em sua particularidade, ou seja, ao interpretar as seguintes profecias se deve separá-las e enquadrá-las nos seus devidos mundos históricos particulares.

            Escola Antioquia já tinha a interpretação literal como primária, onde a forma literal, gramatical e histórica de interpretação das Escrituras Sagradas era defendida por esta escola. Visto que assim, saberia a verdadeira intenção do autor. A Bíblia é o livro que traz consigo diferentes literaturas, já que, são classificadas de gênero literário, que ao interpretá-la dentro de cada procedimento particular exigido de cada um deles se saberia o real significado que está por trás de cada uma destas linguagens que os autores editaram. O leitor tem por obrigação de saber qual gênero que está lendo para assim, poder interpretar da forma correta, se não pelo contrário fará uma péssima interpretação.

            Esse conjunto de livros, denominado Bíblia, foi escrito em diferentes épocas e por diversos autores, no entanto, o inspirador era um só, o Espirito Santo. Sobretudo, Ele os a inspiravam de acordo com a necessidade e o estado dos leitores ou público.

            Esses homens considerados sagrados eram usados segundo as suas capacidades, mas isso não significa que por alguns não serem eruditos não tem porque desconfiar do gênero que eles escolheram para transmitir a revelação de Deus.

  1. Gênero literário

 

            Os diferentes gêneros literários inseridos na Bíblia, no entanto, têm o mesmo objetivo, que é orientar o homem para uma vida que realmente agrade a Deus. E, sobre isso cabe o leitor ter a disposição e o cuidado de examinar de maneira particular cada linguagem literária escolhida pelo autor, porque só assim poderá ter essa correta orientação.

“Seria um grande absurdo tomar relatos históricos, alegorias, provérbios, leis, sermões, orações cartas, cânticos (poesia), visões e outros tipos literários pertencentes aos mais diversos gêneros utilizados na Bíblia como se fossem todos possíveis da mesma abordagem na hora da interpretação. Cada gênero deve ser identificado e tratado dentro das suas características específicas. Assim haverá maior segurança na busca do verdadeiro significado”. (GUSSO, 2008, p. 2014)

            A Bíblia através desses gêneros literários revela emoções e informações, que os hermenêuticos definem a primeira de “não referencial” e a segunda de “referencial”. A não referencial procura transmitir algo de maneira figurada, enquanto a outra fornece as informações numa linguagem literal.

            Através desses seguintes tipos de linguagens os textos sagrados da Bíblia penetram a “mente e coração”·. As narrativas penetram a mente, o exemplo disso são os livros históricos que traz uma roupagem sobre a história, geografia e a cultura, enquanto as poesias penetram o coração, assim revela as emoções dos autores.

            A Bíblia é o livro que traz consigo diferentes literaturas, já que, são classificadas de gênero literário, que ao interpretá-la dentro de cada procedimento particular exigido de cada um deles se saberia o real significado que está por trás de cada uma destas linguagens que os autores editaram. O leitor tem por obrigação de saber qual gênero que está lendo para assim, poder interpretar da forma correta, se não pelo contrário fará uma péssima interpretação.

  1. O literal não fere a implicação

Os escritores sagrados relacionavam certas passagens do Novo Testamento com outras do Antigo. Como por exemplo, Mateus relacionou o caso do capítulo sete de Isaías com o nascimento virginal de Jesus. Mas, na verdade este texto sendo analisado pelo método Histórico – Gramatical se perceberá que a virgem deu à luz a este menino ainda nos tempos de Isaías. E a forma que Mateus usa o Antigo Testamento para fundamentar o nascimento de Cristo, não é de forma interpretativa, mas implicativa. Que aparentemente nestes seguintes pontos será percebido que a hermenêutica não fere a implicação. De forma que, a implicação não é uma interpretação alegórica, mas é um significado que é tirado pelo leitor no padrão que se encontra o texto deixado pelo autor.

      A Bíblia apesar de ser um livro histórico e deve ser estudada no sentido normal das palavras e em meio de uma perspectiva histórica, o leitor precisa entender que ela tem uma dupla autoria (sensos Plenium). Que traz a ideia de um duplo significado, como por exemplo, Isaias profetizou o nascimento de um menino e de certa forma o profeta tinha conhecia que profetizou para seus conterrâneos. Espírito Santo além de trazer conscientemente esta profecia para os contemporâneos do profeta, Ele tinha também a intenção de anunciar conscientemente essa profecia para os dias futuros, que no caso viera se cumprir no nascimento virginal de Cristo Jesus, pelo Deus resolveria o problema do pecado na vida dos homens.

CONCLUSÃO

O exegeta Gordon  (2012) certa vez em um domingo de manhã não foi a igreja por estar doente. Ao preferir ficar em casa ligou o rádio onde estava passando um programa evangélico. Quando de repente um pregador renomado com a oportunidade fez uma leitura em um determinado texto da Primeira Epístola aos Coríntios, e no discorrer da sua mensagem Fee percebeu que o pregador falou até a verdade, mas o erro dele foi porque não usou o contexto do texto que foi lido. E, assim, o ouvinte nunca poderia saber o que realmente o apóstolo Paulo quis passar para os irmãos de Corinto.

Por isso que, o interprete ou estudante deve sempre ser fiel à pretensão desejada do autor, porque se aplicar textos isolados dentro de um contexto que não tem nada a ver, estará ensinando o ouvinte e/ou leitor a entender a Palavra de modo errado. Como do mesmo modo o leitor nunca deve interpretar o texto a partir do que ele acha que o texto tenha quer dizer, pois, o texto não é interpretado no âmbito do subjetivismo, como aponta a pós-modernidade, mas a interpretação deve ser vista e interpretada dentro do sentido desejado pelo autor, ou seja, a interpretação deve ser objetiva.

“No estudo da Bíblia, a tarefa do exegeta é determinar tão intimamente quanto possível o que Deus queria dizer em determinada passagem, e não o que ela significa para mim. Se aceitamos o ponto de vista de que o sentido de um texto é o que ele significa para mim, então a palavra de Deus pode ter tantos significados quantos forem os seus leitores. Também não temos motivos algum para dizer que a interpretação ortodoxa de uma passagem é mais válida do que uma interpretação herética: na verdade, a distinção entre interpretações ortodoxas e heréticas já não fará sentido” (VIRKLER, 2007, p. 16).

A interpretação literal é a maneira de ser responsável tanto para com Deus como para o ouvinte e\ou leitor. Pois à medida que se escreve um texto, tem – se a pretensão de que o leitor venha a lê-lo e interpretá-lo na maior naturalidade do possível para que saiba o que realmente o que foi desejado passar. Até mesmo os desconstrucionistas, que adotam uma interpretação subjetiva, quando escrevem desejam que os leitores entendam a sua desconstrução dentro de uma visão objetiva. Do mesmo modo eles mesmo admitem que o significado absoluto, porque a partir do momento que eles afirmam que o texto deve ser interpretado dentro de uma visão subjetiva, os desconstrucionistas já declaram o absolutismo geral da interpretação. Portanto, não existe interpretação subjetiva, mas ela deve ser sempre objetiva no melhor sentido da palavra.

   Deus não é diferente.  Este conceito foi subtraído pela maneira que Ele desvendou os seus desígnios, que não foi na sua linguagem, mas na linguagem humana. Logo, se o Senhor revelou a sua Palavra ao alcance da compreensão da inteligência humana é porque não queria que fizesse complicações ao interpretá-la, mas que a compreendesse da forma em que Ele realmente a deixou.

Para anunciar a Palavra de forma pura, antes cabe interpretá-la de um jeito que seu significado não fique impuro. Então, o que o cristão precisa fazer para interpretar a Palavra da maneira mais pura do possível?

 É ter sempre à disposição e curiosidade em conhecer a respeito dos textos sagrados. Outra ótima solução seria procurar também bons livros de hermenêutica, exegese, gramática de hebraico e grego bíblico e bons comentários bíblicos. Desta forma não tem como alguém não ser um grande interprete da Palavra. Há, o leitor nunca deve se esquecer de envolver suas pesquisas no envelope da oração.

  Portanto, espera – se que o conhecimento adquirido por meio dos estudos exaustivos seja para servir mais ainda ao Senhor e, nunca o tenha como jactância e ostentação como se quisesse ser melhor do que alguém, mas use este saber para levar o ensino da Palavra, porque ela interpretada e ensinada com mansidão e humildade não frustrará ninguém, porém irá impactar a vida daqueles que não a conhece (IITm. 2.24, 25; ITm.3.15,16).

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[1] Pastor Auxiliar da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Coroatá-MA, Professor de Teologia e Escritor.