A importância do preparo na vida do Ministro do Evangelho

                   Ninguém nasce pronto e todo saber que adquirimos é resultado de longos anos de experiências. Sendo assim, é de fundamental importância que o pastor seja aplicado nos estudos e pesquisas, participe de palestras, simpósios e estudos bíblicos, que faça cursos teológicos. Procedendo assim, absorverá sempre conteúdo para desenvolver melhor seu ministério de pregação e ensino.

                   Na questão da pregação e do ensino bíblico, nenhum estudo, nenhum sermão é feito de um dia para o outro, além da oração, do devocional; a leitura do texto deve ser feita repetidas vezes, sempre meditando e buscando a orientação divina, pois é tão somente desse modo que o sermão tomará corpo, substância. Um pastor que procede dessa forma tem como objetivo apresentar as verdades de Deus com toda a segurança.

                     É lamentável, mas temos pastores e ensinadores que só pegam na Bíblia quando vão para o culto; outros ficam sempre repetindo as mesmas mensagens, pois não querem gastar tempo, horas, nem queimar a massa do cérebro estudando a Palavra de Deus. A Bíblia mostra que não foi à toa que Esdras tornou-se um homem versado nas Escrituras; o texto é claro em dizer:

“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7.10).

                   Nossos púlpitos estão cheios de animadores de auditórios, mensagens sem conteúdo, profetas sem recado divino, posto que muitos não querem pagar o preço. Quando você escuta um pregador ministrar a mensagem com autoridade divina, citando com precisão as Escrituras e, ao mesmo tempo, fazendo bom uso dos aspectos gramaticais, históricos e culturais, é sinal de que ele investiu tempo e mentalidade, incluindo o essencial, a oração, para entregar a Palavra de Deus com firmeza.

                   Todo obreiro que deseja pregar e ensinar a Bíblia deveria ter a mesma atitude do rei Davi:

“Porém o rei disse a Araúna: Não, porém por certo preço to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que me não custem nada. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinquenta siclos de prata” (2Sm 24.24).

               O ministro do Evangelho tem que ter a preocupação de se apresentar tanto diante de Deus como dos seus liderados bem preparado (2Tm 2.15) e, para que isso aconteça, precisa primeiramente preparar a sua alma, levando-a uma entrega a Deus sem reservas. Isso é feito por meio da devoção, que é o ato de se dedicar ou de se consagrar a Deus de modo bem íntimo, afetuoso. Esse momento começa com a leitura da Palavra, acompanhada de oração e meditação. A Bíblia fala desse lado íntimo do salmista. Ele dizia: “Oh! Quanto amo a tua lei é a minha meditação em todo o dia” (Sl 119.97).

                É importante o pastor começar as primeiras horas do dia estudando e meditando na Palavra de Deus. Agindo assim, terá consciência da grandeza e da santidade divina, como também estará investido de autoridade para pregar e ensinar a outros, pois é consciente de que já esteve em contato com o Pai.
O pastor chamado por Deus não despreza as primeiras horas do dia com outras atividades, mas procura primeiramente o exercício espiritual, a piedade; conforme disse Paulo, ela é proveitosa para tudo. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir”. (1Tm 4.8).

              O gabinete e a biblioteca do pastor são importantes para o seu ministério; na biblioteca, com os diversos livros que tem, o pastor pode vir a ser um homem culto, de grande erudição, mas pode acontecer de ele ser como os judeus, que sabiam muito sobre Deus, mas não mantinham um relacionamento ardente com Ele, pois não havia uma meditação sincera da alma.

             Nas palavras de Ernest Pettry, o pastor tem que seguir a lição da vaca: ela não vai para o pasto comer e beber pensando em dar leite, mas, sim, para se alimentar. Na meditação devocional, o pastor não deve se preocupar com o tipo de sermão que tem que pregar, com o estudo bíblico que vai dar, como o povo irá reagir, antes seu alvo é abastecer sua alma da presença gloriosa de Deus. Paulo falou do obreiro dizendo que ele é:

  • Filho
  • Soldado
  • Lavrador
  • Atleta
  • Vaso

          Cada função dessas requer primeiramente uma experiência própria. No caso do lavrador, quem antes prova dos frutos é ele mesmo. Com o pastor não pode ser diferente: é seu dever primordialmente alimentar-se de Deus para poder falar dEle a outros. O salmista disse que os segredos de Deus não são para qualquer um, mas, sim, para aqueles que O temem: “O segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto” (Sl 25.14).

           Desenvolver um relacionamento com Deus é sumamente importante, pois quem primeiro irá se alimentar é o próprio pastor. Ele jamais irá querer uma comida fria, sem sabor, sem tempero, um pasto seco, uma água toldada, mas um obreiro que não lê a Bíblia, não ora, não reserva as primeiras horas do dia para alimentar sua alma sempre dará ao rebanho o que ele mesmo come.

          O profeta Isaías só disse “eis-me aqui” depois que teve a experiência da glória de Deus (Is 6.8). O mesmo aconteceu com Ezequiel e com Paulo; ambos só partiram para o ministério depois que lhes foram reveladas visões dos céus. Por meio da devoção, o pastor nutre sua alma de Deus; seu coração é tomado pela grandeza e santidade divina. Desse modo poderá entregar aos crentes o que recebeu do Senhor. Era assim que Paulo desenvolvia seu ministério. “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão” (1Co 11.23).

          Todo pastor deve ser consciente de que o sucesso na pregação e no ensino, como em toda outra área do ministério, só é possível por meio de uma comunhão sincera com Deus, a qual deve envolver oração, leitura da Palavra, meditação, conscientização da santidade divina.

          Todas essas particularidades estavam presentes na vida dos homens de Deus do passado. À luz da Bíblia, no Velho Testamento está claro que o crescimento de Josué estava atrelado à sua fidelidade à Palavra de Deus (Js 1.1-9). Daniel cresceu na Babilônia sem se contaminar por causa de sua fidelidade a Deus, a qual era marcada por orações de reconhecimento e ações de graças (Dn 6.10). Paulo ordenou que a Palavra de Deus habitasse no coração de cada crente e, desse modo, poderia produzir o mais perfeito louvor (Cl 3.16).

Se você realmente deseja ser um obreiro de qualidade, buscando estar preparado para tudo, então faça o seguinte:

  • Crie o hábito de sempre estar a sós com Deus em oração.
  • Leia sua Bíblia de modo sistemático. Para a conclusão da leitura em um ano, você pode ler todos os dias três capítulos do Velho Testamento, à tarde; antes de dormir, leia mais três.

       Já falamos que conhecimento não vem da noite para o dia. Para que isso aconteça é preciso muita disciplina, estudo sistemático, oração. Às vezes ficamos admirados com pastores que citam inúmeros textos bíblicos, mas a memorização só acontece por meio da prática.

         Todos nós temos boa memória, com exceção daqueles que realmente sofrem de algum problema de saúde, e, desse modo, podemos dizer que pela prática do estudo bíblico é que a memorização de textos ocorre naturalmente.

          O mais importante, no entanto, não é a memorização e, sim, a observância e a reverência à Palavra, pois, como disse certo pregador: Uma cesta jamais conseguirá manter dentro de si a água, mas ela a limpa, não deixando que a sujeira nela permaneça. Jesus falou do grande efeito da Palavra de Deus na vida do homem ˗ ela limpa: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).

         Quem deseja um ministério de qualidade precisa estar sempre em contato constante com a Palavra de Deus. Isso pode ser feito no momento da leitura, a qual deve ser feita com reverência, sinceridade, ciente de se estar diante da Palavra de Deus.

Peça a Deus que fale com você por meio dela.

         Deixe que a Bíblia fale ao seu coração, não force nada, não fique procurando inventar nem acrescentar o que ela não diz, mas renda-se com um coração quebrantado, pois ela é viva e eficaz (Hb 4.12). Ao ler a Palavra, você pode chorar, se alegrar, cantar, sentir seus próprios pecados, portanto, não se prive, mas abra-se diante do Deus da Palavra, glorificando o Seu santo nome.

Pr. Osiel Gomes