Firme em suas respostas e convicto de sua fé e modo de vida, pastor Jackson Douglas Martins Pires, disse que o Deus que chama e vocaciona também trabalha para fazer acontecer. Desde janeiro do ano em curso, por indicação do colegiado de pastores foi conduzido à importante função de Secretário Executivo de Missões da Assembléia de Deus na capital (IADESL).
Com a firmeza que esboça sinceridade de um homem já experimentado nas conquistas, que vão desde o tempo da adolescência, quando já sonhava enveredar pela seara do Direito, ele tem uma razão simplória para justificar porque quer ser advogado: “Primeiro para prestar orientação jurídica aos irmãos que pouco conhecem acerca de seus direitos; em segundo lugar, assessorar a igreja enquanto instituição nas demandas jurídico-administrativas, incluindo nisto a relação jurídica internacional na realização da obra missionária”.
Bacharel em Teologia e Direito, com pós-graduação em Ciências da Religião, o pastor Jackson Douglas é integrante da Comissão de Ingresso da CEADEMA. Casado com a irmã Eliene Pereira há 15 anos, o casal tem dois filhos: Mateus e Sara.
Com 36 anos de idade e uma carreira ministerial promissora iniciada há quase 13 anos, tornou-se, não somente no âmbito maranhense, uns dos nomes entre os mais lembrados na hora se escolher um pregador para congressos e conferências. `
Nesta entrevista ao CEADEMA EM FOCO, pastor Jackson fala sobre sua vida pessoal e ministerial, o maior desafio da obra missionária, política e o futuro da religião.
O que significa ser o titular da Secretaria de Missões da AD em São Luís, é mais responsabilidade ou mais privilégio?
Em primeiro lugar devo afirmar que está Secretário de Missões é simplesmente o cumprimento da promessa do Senhor na minha vida, feita há dezoito anos. Dessa forma, entendo ser um grande privilégio poder servi-Lo desenvolvendo atividades missionárias, ainda que saiba que não existem privilégios sem grandes responsabilidades.
Num sentido mais amplo, qual seria um grande desafio à obra missionária?
Com certeza a evangelização dos países dominados pelo islamismo, conhecidos como Janela 10/40 e 20/40; esta é uma faixa de terra que compreende vários países com conjuntura cultural, lingüística e comosvisão diversificada, e, finalmente, dominada pelo islamismo.
E num sentido mais específico?
Neste caso destaco a necessidade de preparação de missionários transculturais e a formação de lingüistas para tradução de Bíblias para os idiomas que não possuem nenhuma porção bíblica traduzida. Acrescento a tudo isso, a necessidade de maior conscientização (visão, compaixão e ação) e comprometimento da igreja atual com os valores e a essência da obra missionária.
Fale sobre a nova dinâmica da AD em São Luís relacionada às Missões, implementada já em 2010.
O pastor titular José Guimarães Coutinho tem apresentado um projeto arrojado e desafiador para a IADESL (Igreja Assembléia de Deus em São Luís) no triênio 2010 a 2012, que vai além de missões, pois alcança os vários segmentos da igreja. No tocante a Missões, os trabalhos estão sendo projetados observando algumas modalidades, a saber: Missões Urbanas, Missões Estaduais e Interestaduais, e por fim Missões Transculturais Internacionais. Portanto, a IADESL planeja realizar Missões em todos os sentidos, objetivando atender a verdade de Atos 1.8. Vale ressaltar que a IADESL alcançará todos os Continentes até 2012, sendo que atualmente já tem missionários na Bolívia, no Peru, Moçambique e Cabo Verde, ou seja, dois Continentes com incidência de trabalhos missionários. Ainda em 2010, a IADESL enviará uma família de missionários para a Europa.
O que seria na prática o significado da expressão “Missões urbanas” e como será efetivado em São Luís.
Por Missões urbanas compreende-se a efetivação de ações evangelísticas com o objetivo de alcançar a cidade. Indica planejamento estratégico que visualize as ações evangelizadoras em ruas e bairros, além de contemplar segmentos específicos da cidade, como por exemplo, meninos em situação de rua, dependentes químicos, evangelismo nos semáforos, dentre outros. Além disso, inclui nestas atividades os missionários urbanos que abrirão congregações em locais que geográfica e demograficamente, reúnem condições para a efetivação de um trabalho da IADESL, vez que objetiva-se aumentar para 118 o número de áreas pastorais e missionárias até 2012.
Como é feita a seleção dos missionários?
Existe um processo de seleção de vocacionados para missões com critérios específicos, observando-se também o local para onde se pretende enviar o missionário. Daí se percebe a importância do candidato ter no mínimo o básico em teologia e algum curso de missões. Além disso, o candidato faz uma pré-inscrição seguida de uma entrevista e apreciação no colegiado de pastores. Para cada situação existem critérios que alternam entre si, no entanto, de maneira geral, é assim que ocorre.
Existe um curso preparatório?
Atualmente a IADESL está atendendo a um planejamento estratégico, quando concebe os primeiros passos para oferecer um curso preparatório de Missões.
O que diria a quem se diz convicto de sua chamada missionária, mas que não foi ainda absorvido por uma agência missionária ou mesmo por uma secretaria de Missões de uma igreja?
Certamente que o processo de espera não é agradável. Porém, pode ocorrer deste mesmo processo ser utilizado por Deus para disciplinar o nosso caráter. Foi assim com Moisés e outros, e não deve ser diferente conosco. Creio que o vocacionado para a obra missionária, dentre outras coisas, enquanto espera, deve se preparar em vários aspectos inclusive estudando, fazendo cursos na área, e se possível até curso de nível superior –pois hoje para servir como missionário em algumas partes do mundo se procede como um profissional liberal (médico, engenheiro, professor de educação física), e por fim, digo ainda que a impaciência pode ser traduzida como destempero do caráter, e o vocacionado não deve atender a estes ditames. O Deus que chama e vocaciona também trabalha para fazer acontecer. Portanto, digo aos vocacionados e ainda não-aproveitados que continuem esperando no Senhor, envolvidos efetivamente nos trabalhos de evangelismo, discipulado e missões da igreja local.
Qual o resultado prático de sua recente e primeira viagem missionária ao continente africano?
O pastor José Guimarães Coutinho enviou uma equipe formada por mim e pelos pastores Levi Câmara e Gilberto de Jesus, para levar o pastor Denílson e família que agora já estão trabalhando como missionários em Maputo (Moçambique). Além disso, tivemos a oportunidade de catalogar dados e montar perspectivas de trabalhos para empreender e melhorar o trabalho missionário da IADESL naquele continente. Realizamos também trabalhos evangelísticos, estudos doutrinários e visitas a alguns dos trabalhos missionários desenvolvidos pelos nossos missionários que lá já estavam. Vale informar que os missionários Marcos e Edna estão no Brasil para tratamento de saúde.
Em sua opinião, qual é o futuro da religião no mundo?
Já é sabido que o homem é um ser religioso e que gravita no eixo religioso. Atualmente a partir dos Estados Unidos e França, por exemplo, existem alguns filósofos desenvolvendo mais uma campanha para extirpar a “idéia” de religião do mundo. Segundo estudos recentes, o homem tem se tornando mais religioso, e cria sua forma de “religião” conforme o que crer. Isto parece um tanto paradoxal diante do que vemos, pois, o materialismo, o consumismo e o relativismo estão albergando os atos e atitudes dos homens sem Deus. Aduz-se daí, que o futuro da religião no mundo continua ameaçado pela instabilidade social, emocional e espiritual do homem pós-moderno, que cego, agarra-se a vultos ideológicos e as miscelâneas religiosas em busca de quietude para sua alma. Vê-se constatado a tendência do ecumenismo que não ocorrerá, pelo menos antes do arrebatamento da igreja. Portanto, considerando a crise existencial e a crescente pluralidade religiosa, a meu ver, ainda que o homem pós-moderno busque viver sem alguma manifestação religiosa, isto será impossível.
Que tipo de problemas a Pós-modernidade traz para a Igreja?
Isto pode ser respondido de várias formas. No entanto, vou utilizar a apresentação das características da pós-modernidade que marcam o nosso tempo. Percebe-se que os valores cristãos estão sendo substituídos, esquecidos e atacados, uma vez que a sociedade tem defendido posturas antes não aceitas pelo senso comum. Vê-se isso quanto ao aborto, ao homossexualismo, a legalização da maconha, dentre outros. O espírito capitalista tem dominado gerando a crise do ser e do ter, até mesmo os sermões estão afetados e recheados por tal influência. Outra característica é a valorização da experiência – o empirismo, que hoje se estabelece como verdade inquestionável para o individuo ao ponto de sofrer ressalto superior à credibilidade que é pertinente à Bíblia Sagrada. Nesse tempo o relativismo figura como sendo à base da sociedade que esta avessa a verdade absoluta das Escrituras. A busca pelo efêmero (passageiro) se intensifica a cada dia, e o eterno, ou seja, relacionado com Deus, esperança eterna, vida pós-morte, sobrevive de maneira diminuta. O poder da mídia tem influenciado nossa geração, e, por conseguinte, tem contribuído para formação de conduta e comportamento dos nossos jovens e adolescentes. Em meio à pluralidade religiosa e cultural, o sincretismo religioso assume a liturgia de muitas denominações, afastando a singeleza do evangelho e a pureza da doutrina. Tudo isso aparece neste momento da história, e que de alguma forma tem afetado nossa teologia, liturgia e cosmovisão cristã.
Então, em poucas palavras, qual a maior dificuldade enfrentada pela igreja evangélica pentecostal hoje?
A necessidade de manter a verdadeira identidade do movimento pentecostal conforme as Escrituras.
Neste ano senhor concluiu o curso de Direito, por que quer ser advogado?
Na verdade o curso de direito nasceu em minha vida estudantil desde o ensino médio quanto fiz o curso Técnico em Administração de Empresas. Na época me converti e Deus mudou o meu foco de vida, me vocacionando e me chamando para o ministério pastoral, por isso fui fazer o curso de Teologia. Agora tive a oportunidade de fazer e concluir o curso de Direito. Tenho algumas expectativas quanto ao mesmo, dentre elas posso citar três inicialmente, a saber: primeiro para prestar orientação jurídica aos irmãos que pouco conhecem acerca de seus direitos; em segundo lugar, assessorar a igreja enquanto instituição nas demandas jurídico-administrativas, incluindo nisto a relação jurídica internacional na realização da obra missionária; e por último, quando possível, o exercício da advocacia como forma de patrocinar demandas judiciais no intuito de fazer o conceito de justiça valer-se na prática da beleza estonteante dos insignes teológicos-filósoficos.
Como se deu a sua conversão?
A minha conversão transcorreu em um momento que vivia uma grande angústia. Eu tinha um grupo de danças, grupo de rock-roll chamado Stilo Nobre, e dentre outras coisas, com exceção de envolvimento com drogas, tentei de várias formas me esconder de Deus e de seu evangelho. Foi neste tempo, eu tinha 17 anos, que fui alcançado pela graça de Deus, que a mim foi apresentado por uma adolescente da Assembléia de Deus. Depois de muito tempo de oração de minha mãe, finalmente, tive um encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo.
Quem é o pastor Jackson Douglas como pessoa?
Visualizo a mim próprio como alguém de personalidade firme, de convicção livre, de interesse pelo divino, de alma aguçada pelo mistério de Deus revelado, que ama a família, que respeita o ser “humano”, que sonha e espera em Deus.
E como ministro evangélico?
Como ministro do evangelho um aprendiz em crescimento constante, que se sente desafiado em ser embaixador de Cristo nesta geração.
O senhor é músico, pregador e cantor. Dá pra se sentir um pastor-completo em termos de talentos?
Não me sinto um pastor completo, mais agradeço a Deus pelas habilidades que tem me dado. Glória a Ele.
Qual a virtude que não pode faltar, a seu ver, na vida de um ministro do evangelho?
Creio ser a INTEGRIDADE a maior das virtudes, portanto, não pode faltar na vida de um obreiro do Senhor.
Como o senhor pretende conciliar o ministério da pregação com a função de Secretário Executivo de Missões?
Priorizando o trabalho missionário, sabendo que assim também estarei atendendo algumas agendas para pregar.
Quanto ao ministério de evangelista, o que o senhor diria aos jovens pregadores que se dizem chamados e vocacionados à itinerância?
Apesar do ministério de itinerância não ter fluência significativa entre nós, entendo que o obreiro que exerce esse ministério sendo vinculado a uma igreja local tem sua relevância, isto se possuir as características do dom ministerial de evangelista (Efésios 4.11). Logo, o evangelista é muito útil na vida da igreja e do pastor.
Quanto tempo o senhor gasta para preparar um sermão?
Depende muito, cada caso exige de forma diferente a minha atenção e comprometimento.
Qual a importância da teologia para o ministério pastoral?
Santo Agostinho dizia que a teologia é o véu da noiva e a filosofia a cauda. Penso que a teologia é imprescindível para o ministério pastoral, pois, nos concede de forma sistematizada o conhecimento e as doutrinas bíblicas, além de ser ferramenta para o obreiro da causa do Mestre.
Como se define o estilo de liderança de Jesus?
Jesus é líder-servo, vejo aí uma breve definição do seu estilo de liderança no evangelho de Marcos.
Qual a sua palavra ao povo evangélico sobre este momento político, 03 de outubro, etc…
O voto é o pleno exercício da cidadania e a maneira que o cidadão participa diretamente no processo eletivo-administrativo do país, estado e município. Logo, exercer tal direito é a maior expressão do princípio da democracia no estado democrático de direito como é o Brasil. É valido ressaltar que o cristão deve saber fazer uso deste direito e influenciar no modelo administrativo e legislativo do nosso país. Ademais, como evangélicos, portanto, um dos segmentos da sociedade, devemos estar conscientes do nosso dever e contribuir para que tenhamos representantes nas câmaras legislativas neste pleito eleitoral, assim como outros segmentos da sociedade estão se organizando para ter os seus.
Deixe uma palavra àqueles que demonstram total indiferença ao tema Missões.
Se não eu, quem? Se não agora, quando? A obra missionária é a essência da natureza e da existência da igreja. Logo, todos que são cristãos não podem viver diferentemente do estilo de vida de Cristo, pois a Missão de Cristo está refletida na vida e Missão da Igreja. Romanos 10.13-15: Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, senão há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!
E aos que estão despertados, diria o que?
Que continue sentindo compaixão, mantendo a visão missionária e agindo para que a evangelização mundial seja concretizada. Ore, contribua e faça missões nesta última hora.
Deixe uma frase.
“Não queira ser ou fazer nem menos e nem mais do que Deus deseja para tua vida”.